domingo, 22 de janeiro de 2012

Livro sobre aviadora Martinese será lançado essa semana em Vitória

A Editora da Ufes (Edufes) vai lançar no próximo dia 26 o livro-reportagem "Rosa Helena Schorling - Além da folha da vento", escrito pelo jornalista Fabrício Fernandes. A história é contada de forma romanceada e resgata um pouco da vida da primeira paraquedista brasileira, a aviadora Rosa Helena Schorling, desde a chegada dos seu pais no Brasil como imigrantes até o último salto de paraquedas realizado no Espírito Santo.


O livro levou quase três anos para ficar pronto e agora vai poder homenagear a "capixaba endiabrada", como foi chamada por Getúlio Vargas. Ela tem 93 anos e vive em Domingos Martins.

O livro será lançado na Biblioteca Pública do Espírito Santo (Av. Joao Batista Parra, 165 -Praia do Suá – Vitória) às 19 horas e a entrada é franca.



Rosa Helena Schorling foi professora, paraquedista e aviadora. Nasceu em Domingos Martins no dia 15 de julho de 1919, onde reside até os dias de hoje. Foi professora normalista aposentada e também a primeira mulher paraquedista do Brasil e a primeira mulher aviadora do Espírito Santo. Tirou o primeiro lugar na prova Cruzeiro do Sul, na Semana da Asa de 1940. Posteriormente deu saltos em São Paulo, Vitória, Goiás e até mesmo no Paraguai, tendo inclusive saltado durante a noite e sobre o mar. Recebeu por sua atuação como paraquedista inúmeros troféus e distinções.





O membro da diretoria da Associação Cultural Campinho, Joel Velten, disse que Rosita é uma referência de Campinho, e motivo de orgulho da população. “Ela representou bem a nossa cidade lá fora. Uma heroína e merecedora do trabalho que mostra a sua vida, atividades, comportamento e amor à terra”, disse.

Veja a entrevista que Jô Soares fez a Rosita em 1995

Parte 1:

Parte 2:



“Salte de cabeça para baixo, conte de um a dez de olhos fechados e puxe a alça do paraquedas!.” No dia 8 de novembro de 1940, durante a semana da Asa, Rosa Helena Schorling estava literalmente no céu do Rio de Janeiro. “Tinha mais de 10 mil pessoas assistindo. Quase não havia paraquedismo no Brasil. Me senti a dona do mundo. É maravilhoso apreciar a natureza lá de cima”, lembra Rosa. Naquele ano foi criado o núcleo aéreo terrestre, que hoje é Brigada de Paraquedismo.



Um pouco da história de Rosita


Dos 19 aos 35 anos Rosa voou. Ao contrário da maioria das moças da sua idade, ela não se interessava por tarefas domésticas ou por meninos. A filha única vivia grudada em seu pai, engenheiro mecânico que viera de Berlim anos antes.

Era 1939 quando se inscreveu no curso de piloto do Aeroclube do Brasil. Não deu um ano e ela estava conduzindo um avião sobre sua cidade natal e causando o mesmo impacto que sentiu anos antes. “Eu jogava balas e jornais do avião”, diverte-se Rosita, “uma senhora ficou doente por oito dias quando eu passei pela primeira vez aqui em cima. Ficou doente de medo. E também um menino que estava no sítio fazendo farinha, quando viu o avião gritou: ‘Vó, o mundo vai acabar!’.”
Foram mais de 15 anos vivendo no Rio de Janeiro, longe do pai e da mãe. Rosa passava quase o tempo todo no Aeroclube carioca. Tanto decolou, voou e pousou que, com apenas 9 horas de vôo, já havia tirado o brevê de piloto particular. Se não estava em campo, era na praia que passava seu tempo. Longe do mar. Na areia. E de biquíni duas peças. Enquanto quase todas as mulheres daquele tempo exibiam timidamente poucas partes do corpo, cobrindo o restante com aqueles maiôs enormes e de algodão, Rosita se mostrava. “Eu lancei a moda do biquíni duas peças. Se as pessoas se espantavam não sei, porque eu não dava confiança”, diz, categórica.

Ela cortou um maiô peça única e costurou as duas partes e foi eleita “A sereia de Copacabana”. “Era um concurso da rádio Ipanema que elegia a mais bela da praia. Eu desfilei na areia e ganhei”, conta a leonina.

Rosita estava acostumada ao glamour, à atenção. Fazia parte de seu cotidiano, entre outras coisas, recepcionar bailes chiquérrimos frequentados pela nata carioca. Getúlio Vargas, por exemplo, era seu amigo de cafezinho e de conversas. “Ele era muito entusiasmado pela aviação, então convivíamos muito”, conta.

Rosita trabalhou em dois lugares durante sua temporada carioca. No jornal A noite, como arquivista; e como relações públicas do Ministério da Aeronáutica, época em que esbanjava sua beleza pelos salões cariocas. “Meu trabalho era comparecer às festas, saber quem ia, como transcorriam, essas coisas.” Só tinha homem? “Tudo era homem. Eu era companheira de todos eles. Não sentia falta de amiga mulher. Homem é mais compreensível.”

Em janeiro de 1955 Rosita perdeu o homem mais importante de sua vida: seu pai. Ele foi assassinado em Domingos Martins, sua cidade natal, e Rosita voltou para ficar com a sua mãe. De lá, nunca mais saiu. “Meu pai tinha uma oficina de consertos. Ele consertou a arma de um determinado senhor que, quando foi receber a mercadoria, em vez de pagar, deu quatro tiros no meu pai”, conta, ressentida. Ela tinha 35 anos quando isso aconteceu, e foi tocar a vida como professora.

Cinco anos depois, conheceu Raimundo, um baiano que estava de passagem pela cidade. Para ele, enfim, Rosita disse sim. Raimundo foi o primeiro e único homem de sua vida. E pai de seu único filho, que faleceu aos 5 meses de idade. Dez anos depois, foi a vez de Raimundo partir. Em 1975, sua mãe faleceu. “Dei aula até 72, quando perdi meu marido e tinha que cuidar da minha mãe. Perdi muita gente. Perdi meu pai, meu filho, meu marido, minha mãe, e então me aposentei. Fiquei abalada. E cada dia que passa eu sinto mais falta”, conta, hoje, 54 anos depois da morte de seu pai.

Veja a entrevista que o jornal A Gazeta fez com Rosita em 1988

Um comentário:

  1. O PRIMEIRO LIVRO BIOGRÁFICO DE ROSITA, LANÇADO NO CLUBE DE CAMPINHO, JÁ LI E GOSTEI E O TENHO AUTOGRAFADO. ESPERO CONSEGUIR O SEGUNDO.

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